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Contemporânea

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    Ana Mary Bilbao: Prelude

    Centro de Cinema Batalha
    1 / 2

    AnaMary Bilbao, Prelude, 2024
    16 mm transferido para vídeo UHD
    7’10’’, cor, som (loop)
    Som: Anjo Solidão (2021) de Gabriel Ferrandini;
    Um Ai (2019) de Maria Reis 

    Com o generoso apoio da Contemporânea e da Fundação Calouste Gulbenkian

    Agradecimentos
    Celina Brás, Alejandra Rosenberg Navarro,
    Francisco Valente, Gabriel Ferrandini,
    Maria Reis, Carlos Almeida, Uriah Cassuto

    “La mort” — a morte — apenas antecipa o que está por vir. O gesto de “La mort” escrito à mão revela uma energia e um movimento que estão ausentes das figuras que se assemelham a marionetas, apenas animadas pela movimentação da própria câmara. O antropomorfismo inquietante das marionetas aponta para algo que se assemelha a, mas que não reproduz, uma figura humana ou animal. No entanto, em substituição dos seus indicadores, estes símbolos evocam uma vida diferente daquela que conhecemos. Na sua obra canónica A Câmara Clara, Roland Barthes lembra-nos como o cinema, ao contrário da fotografia que fixa figuras; como borboletas [preservadas]”, permite que os seres continuem a viver (56–57). O presente cinematográfico está vivo, carregando o seu referente sem estar amarrado a ele. As diabólicas moscas-lanterna a que Bilbao dá corpo, ou os diabos das moscas-lanterna, dançam em stop motion, recusando-se a serem afixadas como uma borboleta murcha  e morta. No seu movimento estático, a  mosca-lanterna de Bilbao tremula, confrontando a humanidade da marioneta semelhante a um palhaço, antropomórfica e inerte. A obra de AnaMary Bilbao questiona permanentemente noções de origem e conclusão. “Todos os meus processos andam à volta do início e do fim das imagens”, explica a artista em conversa. (…) Pela primeira vez, Bilbao não está em contacto direto com a materialidade da imagem, mas relaciona-se sim com as representações virtuais de imagens artificialmente geradas. Como explica a artista, “O sistema DALL·E não tem fim;  ele oferece sempre mais e mais variações da mesma imagem. Por isso, a imagem nunca está terminada; nunca encontra a sua conclusão. Ela é transformada por novas informações,  ao mesmo tempo que produz novos dados. O algoritmo não tem um final à vista.”

    — Alejandra Rosenberg