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Contemporânea

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    Contemporânea #10
    more-than-human — perspectives on technology and futurity

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    more-than-human — perspectives on technology and futurity explora, de formas diferenciadas, a complexa relação e análise crítica do uso da tecnologia como instrumento e dispositivo capitalista e o seu impacto na vida humana, na permutabilidade entre o natural e o artificial, o robótico e o orgânico e as tensões que esses processos geram

    Nas últimas duas décadas, a transformação radical e, ou, superação da condição humana, através da tecnologia, tem gerado profundas questões éticas e filosóficas. Do ponto de vista teórico, as vantagens e os riscos associados à identidade pessoal, às novas alteridades, à igualdade e justiça social, morte e imortalidade, religião e o significado da vida. Do ponto de vista prático, a inteligência artificial e a hibridização homem-máquina, levantam questões de ética associadas ao aperfeiçoamento físico, cognitivo e moral, à defesa e à segurança. A antevisão de futuros desenvolvimentos sociais e tecnológicos inspirou este projeto que investiga noções de futurologia, mitologias transumanas e outros contextos invisíveis, corpóreos e subjetivos.

    Deus, humano ou mais-que-humano? Um futuro de superação tecnológica através de biohacking, otimização cognitiva e outras tecnologias biomédicas, visa a transcendência da dimensão física — a expansão e preservação da consciência para um novo corpo biológico-artificial. A tecnologia opera, assim, enquanto promessa de omnipresença, omnipotência e omnisciência, ou seja, de imortalidade. Da ciência à cosmologia, da inteligência sobrenatural e artificial, à ficção científica e incorporando abordagens críticas que operam além da normatividade, mais-que-humano implica a reavaliação da nossa relação com a vida, a promoção de redes de ética e responsabilidade, formas coletivas de produção de conhecimento e outros modos de interpretação e entendimento que superem as fronteiras entre o eu e o outro, humano e não humano, orgânico e tecnológico e partilhem preocupações, motivações e desafios comuns, apesar das diferenças críticas ou metodológicas que possam surgir. 

    Um futuro de consciência ecocêntrica reclama o fim do antropocentrismo, pensa a humanidade além da sua suposta centralidade e integra perspetivas mais-que-humanas, que reconhecem um futuro ambientalmente sustentável e eticamente consciente, incorporando as problemáticas éticas, estéticas, políticas e sociais inerentes à condição contemporânea.

    Admirável mundo novo — os avanços tecnológicos inscritos em certos cenários distópicos e apocalípticos estão associados à instabilidade política, económica e social. O desenvolvimento tecnológico contemporâneo parece encarnar formas de poder e autoritarismo que desafiam fundamentos básicos de, e na, organização social, a qual se encontra em processo de transformação, incluindo a estrutura das relações interpessoais.

    Vivemos num cenário onde a comunicação digital e as redes sociais moldam a nossa existência e oferecem um espelho opaco de egos narcísicos sem corpo. Não é possível avaliar a extensão da manipulação dos nossos dados, mas a produção de capital depende dessa troca e circulação de informação operando através de plataformas digitais assentes em valores puramente extrativistas e capitalistas — “o capitalismo é uma máquina de tradução para a produção de capital a partir de todos os tipos de meios de subsistência, humanos e não humanos” . A tecnologia pode, simultaneamente, representar o problema e a solução; ao considerarmos narrativas plurais mais-que-humanas criamos uma realidade partilhada, imaginamos o futuro agora.

    — Celina Brás

    Artistas
    Alexandre Estrela; Alice dos Reis; Alison Nguyen; AnaMary Bilbao; Andreia Santana; Basel Abbas and Ruanne Abou-Rahme; Cao Fei; Cécile B. Evans; Diogo Evangelista; Gabriel Abrantes; Igor Jesus; Isadora Neves Marques; Lou Cantor; Miguel Soares; Odete; Pedro Barateiro; Salomé Lamas; Trevor Paglen; Vitória Cribb; Zach Blas. 

    Autores
    Alberta Romano; Alejandra Rosenberg Navarro; Ana Salazar Herrera; Anne Faucheret; Cristina Sanchez-Kozyreva; Eduarda Neves; David Revés; Gabriela Vaz-Pinheiro; Isabel Nogueira, João Sousa Cardoso; Luísa Santos; Manuel Bogalheiro; Maria Kruglyak; Marta Espiridião; Paula Ferreira; Rômulo Moraes, Sara Castelo Branco; Sara Magno; Sérgio Fazenda Rodrigues; Sofia Nunes; Tobi Maier. 

    Capa
    Vitória Cribb, BUGs, 2023. Video Still. Cortesia da artista. 

    Editora
    Celina Brás

    Designer
    Lisa Moura

    Assistente Editorial
    Helena Mendoça

    Tradução EN/PT
    Gonçalo Gama Pinto

    Tradução PT/EN
    Diogo Montenegro

    Revisão EN
    Digo Montenegro

    Revisão PT
    Madalena Tamen

    Fotografia
    Lisa Moura

    Tiragem
    500 exemplares

    Bilingue
    PT/EN

    Depósito legal
    437216/18

    ISBN 978-989-53046-8-4
    ISSN (2184-1861)

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    A edição #10 da Contemporânea faz parte integrante do projeto Contemporânea Film(e) que, ao longo de 2024, apresenta uma exposição, um ciclo de cinema e um programa público. Uma proposta colaborativa que abrange várias disciplinas e instituições.

    Notas de Rodapé
    1. Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo (Brave New World), 1932.
    2. Anna Lowenhaupt Tsing, The Mushroom at the End of the World: On the Possibility of Life in Capitalist Ruins, 2015.